

Brasil dá asilo a ex-primeira dama do Peru por razões 'humanitárias', diz chanceler
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse, nesta sexta-feira (18), que o governo brasileiro concedeu asilo, por razões "humanitárias", à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada a 15 anos de prisão em seu país por lavagem de dinheiro.
Heredia chegou ao Brasil procedente de Lima na quarta-feira, acompanhada do filho menor, depois que a justiça peruana a condenou juntamente com o marido, o ex-presidente Ollanta Humala, pelo recebimento de contribuições ilegais da empreiteira Odebrecht e do governo venezuelano em duas campanhas presidenciais. Humala foi detido.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu a ela o asilo diplomático "com base em critérios humanitários", disse Vieira em entrevista à TV Globo.
"Ela foi recentemente operada por uma questão grave de coluna vertebral, está em recuperação, precisa continuar em tratamento, e estava acompanhada de um filho menor", acrescentou o chanceler.
"O marido condenado está detido e, portanto, o filho menor também estaria abandonado ou desprotegido", prosseguiu Vieira.
Após fazer escala em Brasília, Heredia desembarcou no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, de onde saiu em um carro usando um colar ortopédico.
Seu marido, Ollanta Humala, ex-tenente-coronel de centro esquerda, que governou o Peru entre 2011 e 2016, foi detido na terça-feira após a leitura de uma sentença que encerrou um julgamento de mais de três anos. Heredia não compareceu à audiência e se refugiou na embaixada do Brasil em Lima, recebendo em seguida um salvo-conduto para sair do país.
Sua chegada ao Brasil foi criticada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), opositor de Lula.
"Corruptos condenados por lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos passaram a ser recebidos como 'perseguidos políticos' (...), acolhidos com honrarias por um governo que distorce o instituto do asilo", escreveu no X Bolsonaro, que se recupera em um hospital após ser submetido a uma cirurgia intestinal.
O Ministério Público peruano acusou Humala e a esposa de lavagem de dinheiro por supostamente terem omitido o recebimento da Odebrecht de três milhões de dólares (aproximadamente R$ 5,6 milhões, em valores da época) para a campanha de 2011, que o levou à Presidência.
Segundo a acusação, na candidatura fracassada de 2006, o casal também teria desviado cerca de 200 mil dólares (aproximadamente de R$ 427 mil, em valores da época), enviados pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por meio de uma empresa daquele país.
O casal sempre negou, durante o julgamento, ter recebido dinheiro de Chávez ou de qualquer empresa brasileira.
V.Pua--HStB